O QUE É BOM PARA O CORAÇÃO É TAMBÉM BOM PARA O CÉREBRO
Várias medidas podem e devem ser tomadas ao longo da vida para preservar a saúde cerebral.
Sabe-se que as alterações cerebrais da demência precedem em vários anos a aparição dos sintomas. Em 2020, um grupo internacional de especialistas, identificou os principais fatores de risco para o desenvolvimento de demência, sendo que quatro deles estão estreitamente ligados também à saúde do coração: hipertensão arterial, obesidade, diabetes e tabagismo.
Hoje sabemos que o que é bom para o coração é também bom para o cérebro. Quando se avalia a influencia do estilo de vida no desenvolvimento de doença do coração ou do cérebro, destacam-se a alimentação, a atividade física e o sono.
É muito importante controlar os fatores de risco cardiovasculares que podem causar doença nas artérias que irrigam o cérebro, cujo bloqueio, nomeadamente das pequenas artérias, pode causar pequenos acidentes vasculares cerebrais que estão na base da demência vascular.
Sempre que necessário deve-se recorrer à medicação para controlar os fatores de risco, como a hipertensão arterial, a diabetes e o colesterol elevado que, para além de causarem aterosclerose, contribuem para o desenvolvimento de demência.
Se a pessoa for obesa deve seguir as orientações médicas em termos alimentares e de exercício físico, para reduzir o excesso de peso. O mesmo se passa relativamente ao tabagismo, que deve cessar, se necessário, com recurso a apoio médico.
O sedentarismo é outro fator de risco claramente identificado pela revisão de 2020. Qualquer tipo de atividade, como a marcha, a natação, o ciclismo, a dança, entre outros, praticadas cerca de meia hora por dia, pode fazer toda a diferença.
Em particular, as pessoas idosas devem manter-se também socialmente e mentalmente ativas. Conviver com a família e os amigos, fazer trabalho voluntário colaborando em causas sociais, conhecer novas pessoas; manter o cérebro ativo, como ler, fazer exercícios mentais (palavras cruzadas, sudoku, etc.), aprender novas línguas, estudar novos assuntos, ler, frequentar cursos culturais, viajar, constituem estratégias benéficas para a saúde do cérebro.
É também muito importante, desde criança, proteger a cabeça, evitando grandes traumatismos, devidos a quedas ou acidentes de viação, assim como pancadas repetidas na cabeça, mesmo mais leves, como em certos desportos, com destaque para o pugilismo. Neste desporto são conhecidos inúmeros casos de atletas com demência ou doença de Parkinson.
Deve-se tratar a depressão, a surdez e evitar o abuso de substâncias tóxicas, como as drogas e o álcool em excesso. Usar um bom aparelho de audição, se necessário, ajuda à interação social e, está demonstrado, previne a demência. Se tiver períodos prolongados de grande tristeza, tendência para se isolar e pensamentos suicidas, deve consultar o médico. Gerir o stress cronico, que para além de afetar a qualidade de vida, influencia negativamente a função cognitiva.
Evite a privação continuada de sono, que causa irritabilidade e torna o pensamento menos claro. É importante detetar e tratar, se for caso disso, a apneia do sono. Se existe ansiedade e insónias tente aprender técnicas não farmacológicas que lhe permitam dormir sem recorrer a medicamentos. Não se morre por não dormir alguns dias, mas muitas pessoas morreram, por quedas ou acidentes de viação, devido ao efeito de sonolência prolongada de medicamentos para ajudar a dormir.
Tomar fármacos desnecessários é uma das maneiras de fomentar um envelhecimento acelerado. Por isso, deve rever periodicamente, com a ajuda do médico, os medicamentos que está a tomar, de forma a identificar aqueles que podem já não ser necessários ou ser até mesmo prejudiciais.
Estar envolvido socialmente evita a solidão e até a monotonia e esta participação dá propósito para viver, previne ou pelo menos adia a demência. Manter-se ativo e praticar exercício físico, vai melhorar o humor, reduzir a ansiedade e a depressão.




