A TENSÃO ARTERIAL
LUÍS NEGRÃO, ASSESSOR MÉDICO DA FUNDAÇÃO PORTUGUESA DE CARDIOLOGIA
Há 44 anos o Prof. Fernando Pádua dizia que a saúde é um bem precioso demais para estar só nas mãos dos médicos. Daí que criou a Fundação Portuguesa de Cardiologia, uma instituição de solidariedade social com a missão de promover a saúde cardiovascular, à semelhança do que já existia na Europa de então. O doente desempenha um papel primordial no tratamento das doenças. Não basta ao doente tomar o que o médico prescreve ou receita. A doença trata-se com mudança de hábitos, de comportamentos e o sucesso terapêutico assenta muito na vigilância que o doente informado e esclarecido institui a bem da sua saúde.
A hipertensão arterial é um fator de risco que não se vê nem se sente. Habitualmente não dá sintomas e os que eventualmente lhe poderão estar associados como dores de cabeça cansaço, tonturas, entre outros, são tão inespecíficos que não é possível atribuí-los à hipertensão.
Para que o sangue chegue a todas as partes do corpo e possa disponibilizar a todas as nossas células oxigénio e nutrientes, é necessário que o coração o bombeie. É o coração que, ao contrair-se, faz esse trabalho.
Repare na força que o homem da imagem tem de fazer para que o carro ande para a frente. No entanto se ele, para descansar, deixar de fazer força, o carro irá para trás o que andou para a frente. Ele, para descansar, terá de manter uma certa pressão para que consiga levar o carro ao seu destino. Há aqui uma força máxima que faz o carro andar para a frente e uma força mínima que não deixa o carro andar para trás.
No nosso coração passa-se o mesmo. Temos uma tensão máxima, quando o coração se contrai e manda o sangue para a circulação (também chamada tensão sistólica) e uma tensão mínima (também chamada diastólica) que ocorre quando o coração se descontrai.
Temos assim dois valores sempre que medimos a tensão. Um valor máximo que não deve exceder os 140 e um valor mínimo que não deve ir para além dos 90.
A unidade de medida da pressão arterial são milímetros (mm) de mercúrio (símbolo químico é Hg). Diz-se que uma tensão normal é a que não excede os 140/90 mmHg. O ideal é que ela não exceda os 120/80 mmHg.
Antigamente, como os aparelhos eram manuais, tornava-se difícil dar valores muito precisos da tensão arterial e daí que os profissionais de saúde simplificassem e dizendo a tensão arterial em centímetros de mercúrio. Habituámo-nos a ouvir e a dizer 12,5/7 ou 13/9 ou 16/10. Não está incorreto de todo, mas com os aparelhos eletrónicos de agora que nos dão os valores em mmHg não faz sentido anotar em centímetros.
Habitue-se a registar a sua tensão arterial tal como ela aparece no monitor do seu aparelho. Para se ter uma noção de como ela anda convêm ter uma visão de conjunto, como tem variado ao longo dos dias e das semanas. Registe sempre no mesmo local. Escreva a data, a máxima, a mínima e o pulso uma vez que os aparelhos eletrónicos também o dão. Se se esqueceu de tomar a medicação, faça uma pequena observação com essa informação.
Mostre ao médico o registo que tem feito. Assim ele percebe que ambos estão preocupados com um fator determinante de saúde. Assim ambos tentarão uma abordagem terapêutica mais adequada para controlar a tensão, que se ajuste e que vá ao encontro da sua vida, dos seus afazeres das suas responsabilidades.
Meça a sua tensão regularmente.
Faça a medicação tal como lhe foi prescrita.
Mude alguns dos hábitos que sabe que não o beneficiam.
Não se esqueça que a sua saúde é preciosa demais para estar só na mão do seu médico.