Portugal participou, através do Ministério da Educação, no exercício de avaliação de literacia financeira do Programme for International Student Assessment (PISA), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), cujos resultados referentes à edição de 2022 foram divulgados a 27 de Junho de 2024.
O módulo de literacia financeira avalia os conhecimentos e as competências dos estudantes de 15 anos, consideradas essenciais para a tomada de decisões financeiras adequadas ao longo da vida. Portugal integrou este exercício pela segunda vez e registou a participação de 4 075 alunos.
Em 2022, participaram 20 países no módulo de literacia financeira do PISA: 14 da OCDE (Áustria, Bélgica, Canadá, Costa Rica, Chéquia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, Hungria, Itália, Noruega, Países Baixos, Polónia e Portugal) e 6 países parceiros não pertencentes à OCDE (Arábia Saudita, Brasil, Bulgária, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Peru).
Entre os 20 países analisados, Portugal ocupa, tal como em 2018, o 6.º lugar na percentagem de estudantes que têm, pelo menos, as capacidades financeiras consideradas básicas (85%), ou seja, capacidade de compreender e aplicar conceitos financeiros básicos com os quais se confrontam, no dia-a-dia, nomeadamente elaborar um orçamento e realizar operações financeiras simples. Contudo, os alunos portugueses desceram da 7.ª para a 9.ª posição no indicador global de literacia financeira, com um total de 494 pontos (a média OCDE foi de 498 pontos).
O PISA 2022 permite, igualmente, avaliar o desempenho dos alunos portugueses, de acordo com o género, o estatuto imigrante e o estatuto socioeconómico, desempenho que acompanha o padrão da média da OCDE: os rapazes têm melhor desempenho em literacia financeira do que as raparigas (diferença de 8 pontos em Portugal e 5 na OCDE); os alunos imigrantes pontuaram abaixo dos alunos não migrantes (diferença de 26 pontos em Portugal e 31 na OCDE) e os alunos de contextos socioeconómicos favorecidos têm melhor desempenho do que os de contextos desfavorecidos (diferença de 74 pontos em Portugal e 87 na OCDE).
Em Portugal, 38% dos estudantes que participaram no exercício têm uma conta bancária e 28% afirmam ter um cartão de débito ou de crédito. Estes resultados de inclusão financeira ficam, ainda assim, abaixo da média da OCDE (63% e 62%, respetivamente).
Os resultados do PISA mostram que 76% dos alunos portugueses fazem compras online (58% em 2018) e 55% realizam pagamentos através dos seus telemóveis (28% em 2018). A utilização de canais digitais para fazer compras online ou pagamentos passou a ser uma realidade mais presente no dia a dia dos jovens portugueses. Porém, a percentagem mantém-se abaixo da média da OCDE (86% e 66%, respetivamente).
Nas variáveis de atitudes e comportamentos financeiros, os resultados indicam que os alunos portugueses gostam de falar sobre questões de dinheiro (62%) e que estão confiantes com a gestão que fazem do seu dinheiro (86%). Mostram, também, que a generalidade dos alunos portugueses verifica o troco que recebe depois de uma compra (91%), a maioria (80%) compara os preços entre lojas antes de comprar um produto com o seu dinheiro e 70% optam por esperar que o produto fique mais barato. Os resultados evidenciam ainda que os alunos portugueses têm hábitos de poupança e optam por guardar o seu dinheiro em casa (93%) ou numa conta bancária (45%).
Portugal é um dos 15 países participantes neste exercício que implementa uma estratégia nacional de formação financeira (o Plano Nacional de Formação Financeira), no âmbito da qual foi possível integrar, a partir de 2018, a temática da “literacia financeira e educação para o consumo” pelo menos em dois ciclos do ensino básico, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
No PISA 2022, apenas 30% dos alunos portugueses afirmaram ter tido contacto com atividades de literacia financeira nas aulas de Cidadania, contacto esse menos frequente do que a média dos alunos dos países da OCDE.
Em suma, o PISA 2022 reforça, a par dos consecutivos estudos internacionais, a pertinência do trabalho a desenvolver com as escolas, tendo os alunos como público-alvo prioritário. A atualização dos referenciais de competências essenciais para a educação financeira, a formação dos professores e o desenvolvimento de materiais didáticos, adaptados aos diferentes ciclos escolares, surgem como eixos estratégicos na melhoria dos níveis de literacia financeira dos mais novos, com vista à preparação efetiva dos mesmos para a participação na vida económica ao longo da vida.
Link para o Relatório Nacional (PISA 2022) aqui.