A 14.ª Conferência do Insurance Europe em Helsínquia teve início com as considerações iniciais por Frédéric de Courtois, recém eleito presidente da Insurance Europe, que salientou os quatro principais desafios que o setor segurador tem enfrentado: as alterações climáticas, as demográficas (com impacto nos planos poupança para a reforma),o protection gap (na prevenção de problemas de saúde, e a questão do acesso a dados de saúde) e os desafios tecnológicos com a recém-aprovada regulamentação sobre inteligência artificial e digitalização.
Destacou-se:
1- A apresentação de uma empresa finlandesa que, através da tecnologia, consegue antecipar catástrofes naturais. A ICEYE possui e opera a maior constelação de satélites de radar de abertura sintética (SAR) do mundo que se dedica à monitorização de catástrofes naturais, o que permite uma rápida resposta e a tomada de decisões eficientes por partes dos seus parceiros, nos quais se incluem o setor segurador.
Através da tecnologia dos satélites SAR (Synthetic Aperture Radar ou radar de abertura sintética) é possível determinar os locais onde se prevê que ocorram cheias com uma antecedência de quatro dias e qual a extensão do fenómeno. Uma vez captadas as imagens pelos satélites, são adicionados data points, isto é, imagens das redes sociais que são depois analisadas pela ICEYE. Foi referida a importância da criação de um possível ecossistema como proteção de lacunas na disponibilidade dos seguros, e uma ação de colaboração público-privada numa crise climática.
2 – A interessante participação do jovem Patrick Itäniemi, vencedor do concurso Economic Guru (que testa os conhecimentos de economia dos alunos finlandeses do ensino secundário), que desafiou o setor segurador a investir na sua atratividade de modo a conseguir cativar os jovens que ingressam no mercado de trabalho.
Patrick considera que os jovens estão mais interessados em setores que se renovam e inovam, ao invés de setores que mostram receio da mudança, e aconselha as seguradoras a procurarem talento jovem e que neles invistam com novas oportunidades ou cargos que exijam elevada responsabilidade.
3 – A reportagem com testemunhos do Parlamento Europeu dos Jovens sobre a função do seguro, com as respostas a perguntas diretas como: qual a palavra que associavam imediatamente quando pensam em seguros; se eram subscritores de alguns seguros e o que na sua opinião poderia ser melhorado no setor para se tornar atrativo para o público jovem. As suas respostas foram ilustrativas do caminho a seguir: os jovens têm procurado, sobretudo, os seguros de viagem e gostariam que existissem produtos pensados para as suas idades, uma vez que consideram que a oferta existente tem em vista o público de outras faixas etárias, além de que os consideram caros e com uma linguagem pouco direta e clara.
A literacia financeira, desde cedo, aliada a uma comunicação digital e eficaz, a sensibilização para o papel social das seguradoras e o envolvimento com a sociedade civil, são elementos fundamentais para atrair os jovens. Foi, ainda, referido o exemplo dos EUA com o recurso a Influencers financeiros – os Finfluencers – uma nova forma de se comunicar com o público e a criação de conteúdos digitais nas redes sociais, como forma de chegar mais fácil e rapidamente aos mesmos, por ser esta a principal ferramenta utilizada por estes para pesquisar, ao invés de sites como o Google. Foi referida ainda a hipótese de uma estratégia de marketing para as seguradoras chegarem ao público jovem, e também à sociedade civil, e conseguirem motivá-los para a importância da contratualização de seguros, mediante a oferta de pequenas regalias, como por exemplo, vales, recompensas ou reembolsos por estarem cobertos com determinado tipo de seguro.
4 – Na última sessão da conferência foram debatidos o excesso e a apertada regulamentação por parte do regulador da União Europeia.
As principais críticas dirigidas à Comissão Europeia incidem no volume e detalhe da regulamentação, o custo elevado que o setor segurador tem de suportar para poder estar em conformidade e implementar os regulamentos, a burocratização de tarefas que são puramente administrativas e a falta de diretrizes para a aplicação e implementação das exigências feitas pelos regulamentos. Esta excessiva regulamentação foi apontada como sendo a responsável pela fraca competitividade nos Estados-membros da UE, na capacidade de inovação e na produtividade.
Ficou a sugestão para melhorar a regulamentação: através do aprofundamento do diálogo entre supervisionados e supervisores, reguladores nacionais e internacionais, bem como a importância de se ponderar seriamente as avaliações de impacto que fornecem evidências e informações para a tomada de decisões a nível europeu.
Autor: APS