
No passado dia 28 de abril, Portugal enfrentou um apagão na sua rede elétrica, em resultado de problemas que tiveram início na rede espanhola. Consequentemente, as redes dos dois países sofreram uma interrupção generalizada, não tendo fornecido energia durante aproximadamente 12 horas, dependendo das regiões. O relativo isolamento da rede ibérica impediu que esta pudesse ser auxiliada pela rede que interliga os países da Europa Central. Aliás, as interconexões existentes entre Espanha e França foram automaticamente desligadas, assim que o sistema espanhol começou a entrar em colapso, para proteger o sistema maior. À data de 19 de maio, as causas do apagão permanecem por apurar, de uma forma definitiva.
O incidente será classificado como “ICS 3 – Blackout”, o grau mais elevado da Escala de Classificação de Incidentes (ICS) da ENTSO-E – a Rede Europeia de Operadores de Redes de Transporte de Eletricidade e teve custos que, no pior cenário, serão de 1,1 mil milhões de euros para a economia portuguesa e de 4,5 mil milhões de euros para a economia espanhola.
O facto de, na maioria dos casos, a energia ter sido reposta em menos de 12 horas limitará o impacto sobre o setor segurador, cuja maior parte das apólices de seguro apenas prevê a cobertura dos danos causados por interrupção de atividade após 12, 24, ou 48 horas.
O facto de o incidente ter ocorrido de forma inesperada tornou visível as fragilidades de instituições públicas, empresas e famílias, perante uma situação de catástrofe. Assim, a falta de redundância no fornecimento de energia provocou um aumento da procura de geradores, no último mês. De notar que o abastecimento de água foi comprometido em várias localidades, situação que só foi amenizada pela reposição da energia num número relativamente reduzido de horas. Também muitas famílias optaram por constituir reservas de bens essenciais, na sequência do apagão, indo assim ao encontro do apelo da Comissão Europeia, do final de março. A Comissão havia indicado a necessidade de cada agregado constituir um kit de emergência, que permita a sua sobrevivência durante 72 horas, sem ajuda externa, em caso de catástrofe, nomeadamente ciberataques, pandemias ou consequências da crise climática.



