
Qual a relevância de haver uma Comissão Técnica (CT) especificamente para a CASA – Conhecimento e Aprendizagem de Seguros, da APS?
A CASA, que tenho o enorme gosto de presidir desde maio deste ano, tem assumido um papel de relevo nos últimos tempos e representa um fator de valor acrescentado para a APS e para os seus associados. Através do trabalho da CASA, a APS assume um papel modelador na literacia e na transmissão de conhecimentos aos profissionais do setor, proporcionando aos seus associados a construção e transmissão de conhecimento sobre a indústria seguradora e assuntos relacionados. A existência desta CT cria as condições necessárias que permitem proporcionar uma melhor oferta formativa aos associados e simultaneamente definir e implementar uma estratégia de presença nos meios digitais alicerçada nos inputs dos mesmos.
De que forma a nova CT pode ajudar a identificar as áreas estratégicas para o plano de formação da ACADEMIA, da APS?
Por via de uma abordagem estruturada e do recurso a metodologia correta, será possível a auscultação assertiva das necessidades do mercado e dos associados. Ao ter acesso direto aos profissionais e aos departamentos que definem o plano formativo de cada associado, é possível obter consensos sobre a tipologia de conteúdos que serão mais relevantes para as companhias (negócio e regulamentar). Será certamente o fórum adequado para debater e estabelecer as metas estratégicas da CASA.
Na sua perspetiva, quais são os maiores desafios que o setor segurador enfrenta atualmente em termos de qualificação de recursos humanos?
O setor segurador é afetado por temas transversais à sociedade e à atividade económica no geral, mas também em temáticas próprias da indústria. Como temas transversais saliento dois: a inteligência artificial e a sustentabilidade. O facto de toda a regulamentação em torno destes tópicos não estar “madura” obriga a uma procura de conhecimento mais profunda. É importante também destacar de que modo as alterações climatéricas e a cibersegurança podem influenciar o setor. Enquanto o primeiro fator é de maior importância para estabelecer um alinhamento da oferta com as principais preocupações dos Clientes, a utilização correta dos meios tecnológicos influencia todo o universo de stakeholders das seguradoras.
Qual deve ser o papel da ACADEMIA na preparação do setor para os temas emergentes como sustentabilidade, cibersegurança, inteligência artificial ou alterações regulatórias?
É crucial que a ACADEMIA desenvolva uma oferta com real adesão às necessidades das seguradoras e dos seus profissionais. O enfoque em questões regulamentares, assim como nos temas acima descritos, não deve esgotar o leque de temas a tratar pela Academia, uma vez que estamos num setor tão abrangente e essencial para a vida das pessoas. Do ponto de vista regulamentar, proporcionar um maior awareness dos impactos para o funcionamento das companhias é essencial para a sua correta aplicação. Os temas tecnológicos (por exemplo a Inteligência Artificial) não se podem abordar única e exclusivamente pela vertente regulamentar, mas também pelo seu impacto na forma como se faz negócio e se adaptam as companhias. Nunca esquecendo que é essencial dar aos nossos profissionais as ferramentas corretas para conseguirem comunicar de forma eficaz e eficiente com os clientes, transmitindo as mensagens de forma clara e percetível para todos.
Atualmente, discute-se amplamente a importância de equilibrar competências técnicas com competências transversais nos percursos formativos dos profissionais. Em paralelo, ganha também relevância o debate sobre o papel das soft skills num contexto cada vez mais marcado pela presença da inteligência artificial. Qual é a sua perspetiva sobre estes dois temas e de que forma se interligam, na sua opinião, no contexto do setor segurador?
A tecnologia não deve ser encarada como substituta da ação humana, mas sim como complementar e potenciadora da performance dos colaboradores e das empresas. O facto de termos acesso a aceleradores de conhecimento deve ser encarado como um reforço de uma boa base de soft skills. Do meu ponto de vista, as competências técnicas serão as mais afetadas, para o bem e para o mal, pela inteligência artificial. As soft skills são insubstituíveis e devem ser fatores de diferenciação, daí a tecnologia precisar sempre do fator humano.
Quais têm sido os principais obstáculos à promoção da Literacia do Risco em Portugal e como pode a CASA colmatá-los através das suas iniciativas?
A Literacia do Risco tem sido, sistematicamente, negligenciada pela nossa sociedade, nomeadamente em atividades curriculares no ensino e na capacitação da população sobre os reais riscos que corre, desconhecendo como se pode adaptar para fazer face a essas situações. Há necessidade de explicar a importância de proteger o património, para além daquilo que quem nos concede crédito solicita, já que a segurança não se esgota na liquidação da dívida.
Na vida quotidiana a proteção da capacidade de gerar rendimentos é uma necessidade premente, quer para a vida ativa, quer para a vida na reforma.
Creio que a utilização das redes sociais pode e deve alavancar este propósito, transmitindo de uma forma diferenciada, aos vários grupos etários e sociais, o conhecimento gerado na Academia CASA. O acesso ao conteúdo digital é transversal a todas as gerações, o que permite a utilização de um canal ilimitado, célere e acessível para chegar a todos os segmentos.
A CASA assume o duplo papel de criador de conteúdos de Literacia do Risco e de principal agente disseminador, utilizando os diversos canais para o efeito, estabelecendo uma relação de proximidade com os seus visualizadores, e assumindo um papel essencial na sociedade enquanto fonte de informação.



