DOENÇAS CARDIOVASCULARES: A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE EM PORTUGAL
A Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) é uma Instituição de Utilidade Pública, de âmbito nacional, que visa fomentar a prevenção das doenças cardiovasculares e a promoção da saúde.
A FPC vive do trabalho de voluntários e da generosidade de mecenas, quer particulares quer empresas, dado que a FPC, sempre tem optado por não ter atividades comerciais, vivendo, numa palavra, de boas vontades.
Hoje a Fundação está estabelecida em todo o País, com delegações e núcleos, implantados não só no continente como nas regiões autónomas, com equipas de profissionais de saúde e personalidades não médicas de relevo da sociedade portuguesa, trabalhando lado a lado.
O nosso trabalho benévolo conjunto, ao longo de quarente e quatro anos, tem contribuído decisivamente para a redução das mortes por doença cardiovascular, embora estas sejam ainda a principal causa de morte da população portuguesa.
Move-nos informar e sensibilizar a população para os benefícios de um estilo de vida saudável, ensinar a reconhecer os fatores de risco e a identificar numa fase precoce os sintomas das principais doenças cardiovasculares.
Apesar dos enormes progressos diagnósticos e terapêuticos que têm ocorrido nas últimas décadas, as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de doença, morte e custos em saúde da população portuguesa. A prevenção destas doenças deve assentar num estilo de vida saudável, o que inclui uma alimentação adequada (dieta mediterrânica), atividade física regular e não fumar. A sua adoção, por si só, permite evitar a grande maioria de eventos cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).
No nosso país as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de um terço da mortalidade total. Saliente-se que morrem, em média, cerca de 80 pessoas por dia, devido a patologia cardiovascular. Só o enfarte do miocárdio mata, em média, mais de 12 pessoas por dia. Cerca de 8 em cada 10 óbitos de causa cardiovascular, que ocorrem precocemente (antes dos 70 anos), podem ser evitados.
O objetivo da Campanha “maio, mês do Coração” é dar a conhecer melhor o estado atual das doenças cardiovasculares em Portugal e que ter saúde e prevenir as doenças cardiovasculares depende mais do estilo de vida que dos cuidados médicos, por melhores e mais especializados que estes sejam.
Também a Organização Mundial de Saúde considera que a forma mais eficaz de evitar as doenças cardiovasculares é através da adoção de um estilo de vida saudável, que compreenda uma alimentação saudável, atividade física diária e não fumar. Ao mesmo tempo deverão ser desenvolvidos programas de deteção e, se necessário, de tratamento da hipertensão, do colesterol elevado e da d, os principais fatores de risco das doenças cardiovasculares.
A FPC recomenda a dieta mediterrânica, o regime alimentar que está demonstrado ser o mais saudável e benéfico para um envelhecimento saudável. É variada, agradável, rica em vegetais, legumes e fruta, utilizando o azeite como gordura principal. Por outro lado, devem-se evitar os alimentos com muita gordura animal, demasiado sal ou açúcar.
A atividade física é uma das chaves indispensáveis para se ser saudável e evitar as doenças cardiovasculares. A FPC recomenda, como mínimo, andar diariamente a pé 20 a 30 minutos. A marcha é gratuita, ecológica e acessível a praticamente todas as pessoa.
Em relação aos fatores de risco, destacamos a hipertensão arterial, como principal responsável pelos acidentes vasculares cerebrais, ou seja a primeira causa de morte e incapacidade no nosso País. Aconselhamos que todos meçam a tensão arterial sempre que tiverem oportunidade. Só medindo poderemos saber se está normal. Não deve estar acima dos 140/90 mmHg. Caso seja hipertenso, é aconselhável ter um bom medidor da pressão arterial em casa para que, em conjunto consigo, o seu médico assistente, o possa ajudar a orientar a terapêutica.
O colesterol elevado é o principal fator de risco de enfarte do miocárdio. Não se vê nem se sente. Só medindo é que sabe se está normal. Deve-se manter o colesterol total abaixo dos 190 mg e o mau colesterol (LDL) quanto mais baixo estiver melhor.
Mais de um terço dos portugueses têm excesso de peso e cerca de um quinto são obesos, o que significa que mais de metade da população tem problemas de peso excessivo. A obesidade aumenta, entre outros, o risco de hipertensão, colesterol elevado, diabetes e doença cardiovascular.
No total, os fumadores estão a arriscar perder, em média, cerca de 14 anos de vida. A grande maioria das vítimas jovens de enfarte do miocárdio são fumadores. Os cigarros eletrónicos não são nem uma alternativa saudável aos cigarros convencionais, nem uma boa ajuda para quem pretende deixar de fumar.
O excesso de sal constitui um grave problema nacional, não só devido à sua influência na elevada prevalência de hipertensão arterial como nas suas complicações pois o sal exerce ação negativa direta nas paredes arteriais, pensando-se ter um papel particularmente importante na génese dos acidentes vasculares cerebrais e também do cancro do estômago.
Ao longo destes 44 anos temos trabalhado com a sociedade civil para a consciencialização da importância de um estilo de vida saudável e do controlo dos fatores de risco. Gastar dinheiro em prevenção e educação para a saúde deve ser cada vez mais percebido não como uma despesa mas antes como um investimento altamente rentável.
Este Mês de Maio a Fundação Portuguesa de Cardiologia recomenda a todos os cidadãos a adoção de um estilo de vida saudável.
Ninguém morre do nada, podemos evitar as doenças do coração.